Esse artigo é uma reflexão sobre o estoque e seus impactos nos negócios e na competitividade das empresas e também sobre a relevância das áreas de compras e gestão da produção sobre esses impactos. Enjoy!
Os estoques constituem a base das empresas de operações comerciais e representam uma parcela significante do ativo circulante, de forma que geram custos financeiros e custos operacionais, de acordo com Braga (1998). Para o autor os estoques otimizam as operações realizadas por vendas, operações e suprimentos, além de permitir separar as etapas do processo. Para ele os estoques podem ser classificados como matérias-primas, materiais de embalagem e de consumo, produtos em elaboração ou semiacabados, e produtos acabados.
Ao longo das diferentes etapas de produção é que se cria o “Fluxo de Valor” de um produto, também chamado de “Cadeia de Suprimentos”. Womack e Jones (1996, apud BAILY et al. 2000), citam o forte contraste na relação entre o tempo real do tempo de vida do produto versus o tempo de estocagem e movimentação, citando como exemplo a produção de uma lata de refrigerante. Segundo eles uma lata de refrigerante possui um ciclo de vida em torno de 11 meses, dos quais somente 3h são empregadas na conversão do produto. Em outras palavras, mais de 99% do tempo deste produto se está agregando custos e em apenas menos de 1% do tempo está agregando valor.
Sem nos aprofundarmos demais sobre a criação de valores para não perdermos o foco sobre o Estoque, entende-se um complemento interessante para fechar esse tema no artigo. Para Di Serio e Vasconcellos (2009), no passado a criação de valor estava associada a escassez de matéria prima ou produto. Contudo com a grande quantidade ofertada de produtos e serviços dos dias atuais, não é possível explicar, pelo modelo econômico clássico de criação de valor, muitas das escolhas feitas pelos consumidores. Segundo os autores, hoje os consumidores fazem escolhas a partir de uma percepção de qualidade, serviços e outros itens agregadores de valor. Esses atributos e serviços podem ser design, durabilidade, velocidade na entrega, entrega eficiente (sem erros), facilidade na compra, entre outros. Assim temos um conceito de criação de valor nas empresas, que nada mais é que a inclusão de serviços e outros atributos ao produto que ativem a percepção de valor dos seus clientes.
Assim os gestores vivem em um paradoxo entre minimizar ou eliminar estoque versus garantir os níveis de serviços. Para Baily et al. (2000), a função de estocagem de matérias-primas e componentes, têm influência direta e importante sobre o custo total, ou seja, é afetado pelos níveis de estoque, especialmente em tempos de inflação alta. Por outro lado, qual seria o prejuízo e o risco de perda de venda por falta de estoques, ou parada de produção? Que vantagens os concorrentes teriam sobre uma situação destas? Por isso, estocar garante um alto nível de serviço e a continuidade operacional.
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Custo de Capital: refere-se aos investimentos produtos, matérias-primas e equipamentos para movimentação física e armazenagem;
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Custo das Instalações: Locação de pavilhão ou galpão, prédios e instalações, despesas de manutenção, limpeza, taxas e imposto predial, iluminação, refrigeração ou calefação;
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Custo dos Serviços: Mão de obra utilizada nos diversos processos tais como recebimento, armazenagem, movimentações internas, expedição, registros e controles, seguro dos estoques, entre outros;
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Riscos da Estocagem: Deterioração, furtos, queda nos preços de mercado, obsolescência;
Há de se estabelecer um bom termo que proporcione equilíbrio nas tomadas de decisões e para isso é necessário que gestores e empresários conscientizem-se da necessidade de ferramentas que apoiem na eficiência operacional interna, que permitam programações (Material Requirement Planning) mais precisas com a consequente redução do nível de estoque, e a redução dos custos, gestão de custos, contabilidade, folha (Enterprise Resource Planning), gestão do estoque e movimentações internas (Warehouse Management System), análise preditiva de mercado, simulações, gestão de transportes (Transportation Management System), entre outros, ferramentas que podem ser mais padronizadas ou mais customizadas, mais especialistas ou mais genéricas, integradas ou não. Para cada caso a sua avaliação. Para Baile et al. (2000), em algumas empresas com maior eficiência o seu estoque é girado até 52 vezes por ano.
Por fim, cabe retomar que estoque é capital da empresa que requer toda atenção e cuidados, por todos dentro da empresa, pois os fatos destacados como os riscos, se ocorrerem, são de grande impacto nos resultados da empresa. O valor criado, depende diretamente da eficiência operacional, associado à qualidade dos materiais, e que ter estoque pode ser uma vantagem competitiva que gerará ganhos acima da média para a empresa. Contudo, o setor de compras tem papel estratégico na redução do custo de estoque, o que também é observado na redução de custos operacionais, por meio de ferramentas e tecnologias.
Referências bibliográficas:
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